Postulantes à candidatura presidencial, Alckmin e Serra também elevaram tom contra partido de Dilma em convenção
Geraldo Alckmin ao lado de Aécio Neves na convenção do PSDB, realizada neste domingo, no DF
Em um dia em que o PSDB elevou de forma aguda suas críticas ao governo Dilma Rousseff e ao Partido dos Trabalhadores, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, fez um discurso com a voz carregada de emoção no qual buscou imprimir uma marca popular aos tucanos, que sofrem com o estigma de serem elitistas. E afirmou: diferente do que exalta o PT, a sigla de Lula não trabalha para os menos abastados.
“Somos o partido do povo brasileiro, dos mais humildes, dos trabalhadores efetivos desse país. O PSDB partido nunca usou e nem usará o nome do trabalhador em vão”, disse Alckmin. “Ficou claro que o PT não gosta dos pobres, do social. Gosta é do poder a qualquer preço. Essa é a grande realidade.”
Inflamado, o governador exaltou o governo de Fernando Henrique Cardoso, afirmando que o Brasil tem saudades do tucano na presidência da República, e atacou tanto Dilma quanto o seu antecessor, Luís Inácio Lula da Silva, pela crise que o Brasil atravessa.
"Infelizmente, hoje, temos essa situação lastimável dos 13 anos do PT. Juros nas alturas, contas públicas destruídas, recessão com inflação, desemprego, programas sociais recuando, pedaladas fiscais e sociais. Esse é o resultado do maior estelionato do qual foi vítima o povo brasileiro”, acusou Alckmin. "O PT não só contaminou o Estado como parasita causador da doença como, agora, tenta debelar a doença com os remédios errados. Criaram a doença e agora estão querendo matar o doente.”
Rival direto de Alckmin na possibilidade de uma candidatura à presidência pelo PSDB, o senador José Serra foi mais contido em seu discurso – animando menos a platéia presente do que o governador paulista –, mas também fez críticas mais diretas ao governo, escancarando o posicionamento mais contundente dos tucanos como oposição a Dilma.
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“O Brasil está atravessando a pior crise desde que me conheço por gente”, disse Serra. “Cabe a nós, forças políticas responsáveis, oferecer alternativas para sair desta crise. Não vamos ter ilusão, vai ser uma missão muito difícil, pois o estrago feito ao País pela era petista foi e é gigantesco. Precisaríamos, como nunca, de um governo capaz de governar.”
Para o senador paulista, a gestão Dilma representa um governo enfraquecido quase de maneira irreversível, comparando-o ao de João Goulart – presidente deposto pelo golpe militar de 1964. “Jango era de uma solidez 'granítica' perto deste, era um gigante”, atacou.
“Bem mais do que o Congresso ou a oposição, o fator de maior perturbação do governo Dilma hoje é o PT. É a principal força que hoje desestabiliza [...] A característica de um governo ruim é não querer melhorar. Um governo ruim se intoxica com a própria mediocridade."
Parlamentarismo
Ao final de seu discurso, Serra propôs a seus correligionários que o partido levante a bandeira do sistema parlamentarista, defendida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Ao final de seu discurso, Serra propôs a seus correligionários que o partido levante a bandeira do sistema parlamentarista, defendida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
“Esse é o sistema do Executivo forte. No parlamentarismo quando um governo vai mal ele é trocado. É uma perturbação de dois ou três meses. No presidencialismo o processo é sempre traumático. Paralisa o Brasil, paralisa a economia, joga o Brasil para o atraso”. disse o senador tucano.
“Não estou abordando o tema parlamentarismo como divagação. Eu quero fazer uma proposta ao partido. De que abramos um debate sobre a implantação do parlamentarismo no Brasil. Não como forma emergência para ser aplicada numa madrugada como foi em 1961. Não, é a partir de 2018. Daqui até lá procuraremos a melhor maneira de preparar o sistema."
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